A construção da Igreja do Senhor do Bonfim, em Salvador, foi iniciada em 1754 e finalizada quase 20 anos depois. É fruto da gratidão do capitão Theodózio Farias, que foi salvo de um naufrágio. De arquitetura colonial portuguesa, com duas torres sineiras laterais, o templo chama atenção por suas dimensões e pela posição de destaque em que foi instalado, na Sagrada Colina.
O Senhor do Bonfim é um ícone da fé baiana. A igreja atrai muitos devotos, turistas e peregrinos. Em 1927, o Papa Pio XI deu ao templo o título de basílica. A arquitetura tem o estilo neoclássico e a fachada é feita em rococó. Segue o modelo das igrejas portuguesas dos séculos 18 e 19, com afrescos e azulejaria.
As fitinhas do Senhor do Bonfim
Os devotos e turistas que sobem a Colina Sagrada fazem questão de manter viva uma tradição: amarrar fitinhas coloridas no gradil do adro da igreja. É um costume antigo e cada fita simboliza um pedido que o devoto faz. A fita foi criada em 1809, pelo tesoureiro da Devoção de Nosso Senhor do Bonfim, Manoel Antônio da Silva Serva.
Estima-se que esse modelo de fita tenha desaparecido no início da década de 1950. Era conhecida como “Medida do Bonfim”, por medir exatos 47 centímetros de comprimento, a medida do braço direito da imagem do Cristo Crucificado, Senhor do Bonfim, que está no altar-mor da igreja mais famosa da Bahia.
A “Medida” era confeccionada em seda, com o desenho e o título do Bonfim bordados à mão, e o acabamento feito em tinta dourada ou prateada. Era usada no pescoço, como um colar no qual se penduravam medalhas e santinhos.
A Festa do Bonfim: Patrimônio Cultural do Brasil
O registro da Festa de Nosso Senhor do Bonfim como Patrimônio Cultural Brasileiro foi aprovado no dia 5 de junho de 2013, pelo Conselho Consultivo do Patrimônio Cultural. Realizada sem interrupção desde o ano de 1745, a festa, que atrai para a capital baiana o maior número de participantes depois do carnaval, envolve diversas expressões da cultura e da vida social soteropolitana. Mais que uma grande manifestação religiosa da Bahia, a celebração é uma referência importante na afirmação da cultura baiana, além de representar um momento significativo de visibilidade para os diversos grupos sociais.
A Lavagem das escadarias e do adro do Bonfim ocorre na quinta-feira mais aguardada do ano pelos baianos. Como a festa é móvel, a cada ano ela é realizada numa data diferente do mês de janeiro, sempre depois da Festa de Reis. São milhares de pessoas que participam do cortejo que sai da Basílica de Nossa Senhora da Conceição da Praia em direção à igreja do Bonfim. Ao longo dos oito quilômetros de caminhada, as baianas com seus vestidos brancos levam a água perfumada que será utilizada no rito da Lavagem.
É um cortejo festivo, no qual se mistura cantos religiosos, danças, bandas de percussão e de sopro, além de carros alegóricos. Católicos e adeptos de religiões de matriz africana realizam seus atos de fé e devoção tornando a Lavagem do Bonfim uma das maiores expressões da cultura e do sincretismo da Bahia.