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Igreja Nossa Senhora
do Rosário dos Pretos

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A história da Igreja de Nossa Senhora do Rosário dos Pretos mistura-se com a luta de negros e negras pela libertação da escravidão e melhores condições de vida. Como outros grupos da colônia brasileira, os negros se organizavam em agrupações religiosas de ajuda mútua, as chamadas irmandades ou confrarias, e eram particularmente devotos de Nossa Senhora do Rosário e São Benedito.

Em 1685, um grupo de negros alforriados e escravizados de Salvador recebeu a autorização para dar início a Irmandade de Nossa Senhora do Rosário, uma das irmandades negras mais antigas do país. Inicialmente, os encontros e orações ocorriam na antiga Catedral de Salvador, localizada na praça da Sé. Em 1704, após muitos anos de esforço coletivo para juntar recursos financeiros, os membros da irmandade conseguiram adquirir um terreno no Pelourinho, Centro Histórico de Salvador, e a autorização para a construção de uma igreja.

Os homens pretos, como são chamados os membros da irmandade, construíram a igreja nos seus momentos de folga, quando aqueles que ainda se encontravam na condição de escravizados podiam se dedicar a esses trabalhos. Finalizada em 1796, a igreja de Nossa Senhora do Rosário dos Pretos representa uma das mais importantes expressões do sincretismo baiano, um diálogo amistoso entre as religiões de matriz africana e a fé católica.

Uma pérola negra

Quem desce a ladeira em direção ao largo do Pelourinho se depara com a beleza das duas torres azuis com terminações em formato de bulbos revestidos de azulejos da Igreja do Rosário dos Homens Pretos. A fachada tem estilo rococó, obra do mestre Caetano José da Costa. A decoração do interior do templo conta com azulejos que retratam temas da devoção à Nossa Senhora do Rosário de Lisboa (cerca de 1790) e da vida de São Domingos. Estima-se que esses azulejos foram confeccionados na Fábrica do Rato, em Portugal, pelo famoso artista português Francisco Gonçalves da Costa.

O retábulo do altar-mor, de 1871, de inspiração neoclássica, é de autoria do entalhador João Simões F. de Souza. A pintura do teto da nave e a do altar-mor são da mesma época, feitas pelo artista José Pinto Lima dos Reis. O conjunto arquitetônico da Igreja foi tombado pelo Iphan em 1938.

Tambores e atabaques

Os membros da Irmandade do Rosário dos Pretos conservam a herança de mais de três séculos de história de luta e resistência de negros e negras que por ali passaram. As celebrações aos domingos e às terças-feiras são ricas de ritos e elementos da mistura entre as culturas africana e brasileira. O toque de instrumentos como atabaques, agogôs, tamborins e repiques marcam o ritmo dos cantos entoados durante as celebrações. As expressões do sincretismos estão presentes, também, da dança, nas roupas e adereços utilizados pelos participantes.  

 

Concertos na Igreja
de Nossa Senhora do Rosário dos Pretos