A igreja e o convento de São Francisco foram erguidos entre os séculos 17 e 18 e são considerados uma das mais importantes expressões do barroco brasileiro. Em 1938, o conjunto foi tombado pelo Instituto do Patrimônio Histórico Nacional (IPHAN) e, em 2009, recebeu o título de uma das Sete Maravilhas de Origem Portuguesa no Mundo. A fachada tem duas torres relativamente simples e um frontão mais elaborado. Quem olha a igreja por fora não imagina a riqueza artística e cultural que compõem o templo e o convento.
De acordo com os dados do IPHAN e do historiador baiano Estácio Fernandes, a Bahia abriga o maior e mais importante acervo da azulejaria portuguesa fora de Portugal. Grande parte desses azulejos, 55 mil, formam valiosos painéis que podem ser vistos na igreja, na portaria e principalmente no claustro, área externa do convento. Os painéis da igreja e da portaria contam a vida de São Francisco de Assis e de outros santos, já os 37 painéis de azulejos do claustro retratam cenas pagãs e trazem epígrafes do poeta romano Horácio.
Uma igreja de ouro
Localizada no Terreiro de Jesus, no coração do Pelourinho, a Igreja do Convento de São Francisco é popularmente conhecida como a “Igreja de ouro”. O motivo desse apelido é bem fácil de compreender – ao entrar no templo, o dourado das paredes, colunas e altares saltam aos olhos do visitante. Diz a lenda que foi preciso uma tonelada de ouro para adornar as talhas de madeira que revestem o interior do edifício. É muito ouro!
A ornamentação interna do templo levou 40 anos para ficar pronta. Além do altar da capela-mor e dos dois colaterais, ocupados por Nossa Senhora da Conceição e Santo Antônio de Lisboa, padroeiro da província franciscana, a igreja tem mais oito altares. A decoração apresenta tanto ornamentos barrocos quanto rococós, e até destaques maneiristas ou neoclássicos.
O que dá unidade a sua decoração interna é a talha dourada, que reúne elementos decorativos diversos, como as folhas de acanto estilizadas e, entre elas, tarjas, folhas de parreira e cachos de uva, que remetem ao sangue de Cristo, a fênix, que é uma alusão à ressurreição de Cristo, querubins, entre outros. A igreja possui, ainda, duas pias de pedra, presenteadas por Dom João 5, rei de Portugal. Próximo aos altares laterais é possível observar belas grades torneadas e entalhadas em jacarandá.